Por Alberto de Avellar - Aos meus atentos leitores de Simões Filho, a cidade icônica dos absurdos.
Pasmem, minhas inocentes crianças: Simões Filho, embora figure entre os municípios de maior arrecadação do Estado da Bahia, ocupando a 7ª posição no ranking, ostenta, paradoxalmente, um dos piores sistemas de transporte coletivo já vistos. E não se trata de exagero retórico — trata-se de uma constatação prática, vivida diariamente pela população.
A razão é simples e objetiva: não existe, no município, um sistema de transporte que opere dentro dos parâmetros mínimos de legalidade e eficiência reconhecidos em qualquer lugar do planeta. O que se tem, na prática, é um modelo precarizado, desorganizado e permissivo, fruto de nove anos consecutivos de omissão e decisões políticas equivocadas, que desmontaram qualquer conceito de transporte de massa ou coletivo.
O resultado é visível a olho nu: bairros inteiros isolados, moradores reféns da própria geografia urbana e mais de três mil homens e mulheres — trabalhadores do transporte — submetidos a uma rotina de insegurança jurídica, precarização e abandono institucional, mesmo dedicando suas vidas ao transporte de vidas.
No âmbito do Poder Legislativo, existe formalmente a Comissão Permanente do Sistema de Transporte. No entanto, sua atuação nos últimos anos foi, na prática, quase inexistente. Se houve a realização de audiências públicas para discutir o tema, foram poucas e incapazes de produzir mudanças estruturais. Enquanto isso, a situação só fez se agravar.
Contudo, segundo o rito das promessas políticas, o atual presidente da Comissão de Transporte, o vereador Glauber do PT, sindicalista histórico e defensor dos interesses da categoria, afirma que pretende mudar essa realidade. De acordo com o parlamentar, há articulações em curso junto aos entes públicos municipais e estaduais, buscando instrumentos legais e administrativos capazes de reorganizar o sistema de transporte interno e metropolitano.
Durante o recesso parlamentar, o vereador garante que irá promover audiências públicas com o objetivo de viabilizar a criação do Conselho Municipal de Segurança e Mobilidade Urbana, conforme determina a Lei Municipal nº 995/2016 (PDDM), em consonância com o Estatuto da Cidade.
Caso essas promessas sejam efetivamente cumpridas, e ainda antes do Carnaval, Simões Filho poderá, enfim, vislumbrar mudanças significativas no seu sistema de transporte.
Uma coisa, porém, é inegável: um “Novo Tempo” não se constrói com velhas práticas. Já passou da hora de relegar o passado ao passado e cumprir o que a legislação determina, assegurando melhorias reais no modo de vida da coletividade — e não apenas benefícios pontuais para alguns poucos.

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