Por Alberto de Avellar- A história política ensina que o poder raramente acaba em silêncio. Ele costuma terminar em espetáculo. E há uma fase especialmente perigosa nesse percurso: quando o tirano deixa de ser temido e passa a ser pop.
O tirano clássico governava pelo medo, pela coerção e pelo controle direto. Já o tirano pop governa pela narrativa, pelo carisma fabricado, pela presença constante nas redes sociais e nos eventos “solidários”. Ele não ordena — ele performa. Não impõe — ele seduz. E, nesse processo, transforma o exercício do poder em entretenimento.
Em Simões Filho, o ex-prefeito Dinha, ou melhor, Diógenes Tomentindo, percorreu exatamente esse caminho. Saiu da figura do gestor centralizador para se tornar um personagem midiático: onipresente em corridas, inaugurações simbólicas, festas, selfies e alianças estrategicamente fotografadas. A política virou palco; a cidade, plateia.
Mas há uma regra implacável na cultura pop que muitos políticos ignoram: o pop não poupa ninguém.
O que hoje gera aplauso amanhã vira cansaço. O carisma, quando repetido à exaustão, se transforma em caricatura. A narrativa, quando não sustenta resultados concretos, vira meme. O líder que se acostuma a governar pela imagem passa a confundir engajamento com legitimidade e curtidas com aprovação real.
O problema não é apenas estético — é institucional. Quando a política vira show, a gestão perde profundidade. Problemas estruturais são maquiados por eventos, crises são abafadas por agendas festivas e o debate público é substituído por slogans. A cidade passa a viver de cenas, não de soluções.
O tirano pop acredita que controla o roteiro. Mas esquece que, no espetáculo político, quem decide o sucesso ou o fracasso é o público — e o humor da plateia muda rápido. Hoje idolatra, amanhã ironiza, depois rejeita. O que antes impunha silêncio passa a gerar riso. O que antes parecia força vira fragilidade exposta.
O maior risco não é quando o poder é exercido com mão pesada. É quando ele é normalizado, romantizado e tratado como estilo pessoal. Quando erros viram “jeito de governar”. Quando abusos são relativizados em nome da popularidade.
Dinha não saiu de cena — virou pop. E é justamente aí que mora o perigo para quem governa acreditando que a estética pode substituir a ética, e que o espetáculo pode encobrir a ausência de resultados duradouros.
Porque, no fim, o pop consome seus próprios ídolos. Mastiga, usa, descarta. Quando a cortina se fecha e as luzes se apagam, não restam aplausos nem trilha sonora. Restam os rastros de uma gestão que confundiu poder com performance.
A lição é clara e histórica:
o pop não salva ninguém — apenas acelera a queda.
Feliz Natal Ho Ho Ho ……….

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