Por Alberto de Avellar - Nilton Novais é uma dessas figuras que se confundem com a própria história da cidade. Não porque tenha governado, decidido rumos ou deixado obras marcantes — mas porque sempre esteve ali, na esquina certa, no horário oportuno, com o discurso afinado e a esperança calibrada
Nos primórdios da recém-emancipada Simões Filho, Nilton era taxeiro. Daqueles de ponto fixo, conhecedor de atalhos, histórias e fofocas. Não apenas dirigia o táxi — fundou um time de futebol chamado Taxeiro, porque desde cedo já entendia que, na política e na vida, quem não forma grupo não chega a lugar nenhum.
O volante virou comerciante. Do volante do táxi para o balcão da autopeça, sua ascensão começou ainda no governo do saudoso prefeito Jonga. Ali, Nilton percebeu que motor, política e interesse funcionam da mesma forma: tudo depende de quem está no comando.
Apoiou Eduardo Simões, acreditando que dali sairia o reconhecimento. Não saiu.
Virou oposição.
Depois apoiou Berlindo.
Depois, em 1992, apostou suas fichas no Capitão Bartolomeu.
Em todos eles, o mesmo sonho silencioso:
“Quem sabe agora alguém me apresenta como candidato a prefeito…”
Mas o convite nunca chegou...
O tempo passou, a cidade cresceu, os discursos ficaram mais sofisticados e Nilton evoluiu: de taxista virou oráculo da autopeça, presença cativa nos microfones, sempre disponível para entrevistas, sempre pronto para explicar o inexplicável.
Seu auge emocional veio com o apoio a Dinha Toumentindo. Ali, segundo contam os bastidores, Nilton e Dona Ivoneide realmente acreditaram:
“Agora vai.”
Fizeram transparecer. Fizeram prometer. Fizeram sonhar.
Mas, como quase sempre, o sonho ficou no porta-luvas da política.
Hoje, Nilton vive entre rádios, podcasts e análises profundas sobre unidade e rompimento. Defende a união com a mesma convicção que defende a ruptura. Tudo depende do dia, do vento e, claro, do interesse — ainda que esse nunca fique totalmente claro para o público.
Agora, corre nos bastidores a especulação de que o prefeito Del poderá reconduzi-lo à Secretaria de Desenvolvimento Econômico na reforma administrativa de janeiro.
Porque se nada acontecer, Nilton Novais, o taxeiro, seguirá mais três anos orbitando, analisando, discursando e esperando. Esperando o dia em que, finalmente, alguém diga:
“É você.”
Até lá, ele segue no ponto.
Não mais de táxi, mas de microfone.
Com o motor ligado, o discurso polido e o sonho…
sempre em marcha lenta, mas nunca desligado.

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