Por Alberto de Avellar – Em nossas vidas, devemos viver o hoje, pois o amanhã depende unicamente da vontade de Deus. Diferente das Políticas Públicas, em que o presente é o reflexo do passado e serve para projetar o futuro — sempre com a permissão divina — buscando a melhoria da vida coletiva e a efetivação de um princípio constitucional: a ampla participação popular na vida pública.
| AUDIÊNCIA PÚBLICA - TRANSPORTE 2017. |
O PASSADO: QUANDO O POVO ERA OUVIDO
Entre os anos de 2012 e 2016, Simões Filho viveu, em minha ótica, um dos períodos mais sombrios de sua história. A cidade chegou a ser considerada “Tetra Campeã Nacional em Violência”, marcada pela morte de inúmeros jovens em situação de vulnerabilidade.
Foi também o início de um debate mais profundo sobre a legalidade do Sistema de Transporte. Naquele tempo, a participação popular era uma realidade viva. O então presidente da Câmara de Vereadores, Joel Cerqueira, enfrentava verdadeiras multidões que lotavam o plenário nas audiências públicas.
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| MOVIMENTO ESTUDANTIL - TRANSPORTE 2017. |
Muitas vezes, era necessário instalar telões e caixas de som na Praça da Bíblia, para que o povo pudesse acompanhar os debates que fervilhavam dentro da Casa do Povo. E, se o resultado não agradava, no dia seguinte a cidade amanhecia com greves, paralisações e manifestações.
O Ministério Público era atuante; as Promotorias vinham à linha de frente para defender a legalidade e combater a imoralidade. O artigo 37 da Constituição Federal, o famoso “LIMPE” — Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência — era, por assim dizer, o livro de cabeceira dos gestores públicos.
Na saída do governo Eduardo Alencar (2016) — considerado por muitos um governo de cunho legalista — várias leis foram revogadas por afrontarem a Constituição, e foi criado o Plano Diretor de Desenvolvimento Municipal (PDDM), fundamentado nas diretrizes do Estatuto das Cidades e nas metas da Reunião do Milênio da ONU, voltadas à sustentabilidade.
No setor de transporte, Alencar deixou 60 micro-ônibus com apenas dois anos de uso, bilhetagem eletrônica, passes, acessibilidade, horários e pontos regulares. Havia também transporte intermunicipal regular, ligando Simões Filho a diversas cidades da região metropolitana.
A DECADÊNCIA DO “PENSA SIMÕES FILHO”
Em 2017, assumiu o governo Diógenes Tolentino (Dinha), com o projeto “Pensa Simões Filho”, vendido como símbolo de inovação e modernidade, mas que, com o tempo, revelou-se puro marketing político e eleitoreiro.
A ampla participação popular, antes tão presente, foi sendo sufocada. A gestão mergulhou na imoralidade, com práticas que beiravam os sete pecados capitais. O povo, cansado, passou a chamá-lo de “O Inominável”, um gestor apaixonado pelo poder e pelo dinheiro público.
O sistema de transporte entrou em colapso, e o PDDM foi literalmente jogado em uma gaveta.
DEL E O GOVERNO TAMPÃO.
Chega o ano de 2025, e assume o governo Devaldo Soares (“Del do Cristo Rei”). Passados onze meses, ainda não disse a que veio. Com o mesmo secretariado herdado do governo anterior, repete o modelo de governo tampão ou transitório, que apenas garante a continuidade do governo Dinha, preparando terreno para o retorno do mesmo em 2028.
Enquanto isso, o presidente da Câmara, Itus Ramos, homem de oratória refinada e quase poética, tenta reacender o discurso da “ampla participação popular”, mas sem sucesso. O motivo é simples: “Gato escaldado tem medo de água fria”.
O povo, outrora protagonista das audiências públicas, hoje se afasta por completo. As sessões que antes reuniam centenas de cidadãos agora não preenchem nem um terço do plenário.
O TRANSPORTE QUE VIROU FANTASMA...
E o Sistema de Transporte?
Simplesmente não existe mais. A população sofre calada, refém de um serviço público inexistente e de uma gestão mergulhada na imoralidade.
O que era um direito básico virou um fantasma administrativo, e o que era voz popular virou silêncio institucionalizado.
Simões Filho, outrora exemplo de mobilização e cidadania, hoje vive o eco amargo de um tempo em que o povo realmente tinha voz.



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