POR ALBERTO DE AVELLAR - CRONISTA POLITICO.
Nas últimas 24 horas, uma decisão inédita em Simões Filho provocou um verdadeiro terremoto político: o afastamento do juiz da 33ª Zona Eleitoral do TRE, determinado pelo juiz corregedor, ganhou repercussão nacional. A medida foi motivada pela inércia de mais de seis meses do magistrado afastado, que deixou de sentenciar as Ações de Investigação Judicial Eleitoral (AIJEs) referentes a abuso de poder econômico e político e fraude na cota de gênero — denúncias robustas apresentadas pelo Ministério Público, com provas consideradas incontestáveis.
Essa decisão chegou ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), revelando o grau de gravidade da situação. No entanto, para a opinião pública, o foco recaiu sobre a figura do magistrado afastado, e não sobre o conteúdo das denúncias, que foram muito bem fundamentadas pelas promotorias e pelo Colegiado Superior do Ministério Público.
O que está em jogo é o “néctar” das denúncias, o núcleo de ilegalidades cometidas pelos réus, que causaram uma instabilidade jurídica sem precedentes no processo eleitoral de outubro de 2024. O resultado foi uma espécie de “pandemia política”, devastando a credibilidade do sistema eleitoral. A morosidade, os indícios de corrupção e o desvio de recursos públicos minaram a confiança da população no Judiciário. O povo, de onde emana o poder através do voto, hoje se vê sem saber quem são seus verdadeiros representantes. Estão os eleitos legitimados ou não? Quem de fato irá comandar o município?
Nas redes sociais — o principal campo de debate público da atualidade —, ressurgem velhos e conhecidos “amigos do poder”, que estavam adormecidos à espera de uma oportunidade. Essa nova “variante” da pandemia eleitoral, marcada por corrupção e abuso de poder, ganhou espaço graças à conivência de parte da população, que trocou o voto por migalhas.
Agora, com o afastamento do juiz e a tentativa de transformá-lo no grande vilão da história, os “amigos do poder” — de ambos os lados — voltam à cena. Eles emergem das cinzas, reforçando as palavras do radialista Ataíde Barbosa:
“O governo Dinha foi um governo dos Sete Pecados Capitais.”
Esses personagens cumprem bem o papel de tumultuar o Estado Democrático de Direito, alimentados pela ira, pela soberba e pela gula pelo dinheiro público.
E a pergunta que não quer calar:
Com a provável cassação de todos os réus — tanto da chapa majoritária da “Onda Azul 44” quanto dos nove vereadores —, quem irá assumir o comando do município?
Será que haverá uma equipe técnica e preparada para assumir o Executivo e liderar um plano eficaz de reconstrução política, financeira e social no curto prazo?
Ou serão novamente os “amigos do poder” os guardiões do caos?
0 Comentários