A crise política que se instalou em Simões Filho nos últimos meses começa a ter impactos diretos nas projeções eleitorais de 2026. Com a imagem cada vez mais desgastada do ex-prefeito o Inominável Diógenes Tolentino, o “Dinha”, a reeleição da deputada estadual e sua esposa, Kátia Oliveira (União Brasil) está em xeque.
Em 2022, Kátia alcançou cerca de 27 mil votos válidos no município, impulsionada pela forte estrutura política comandada pelo Inominável Dinha. No entanto, com as recentes rupturas, denúncias e a perda de influência, há quem estime que hoje ela não conseguiria nem metade desses votos — talvez não chegue sequer a 13 mil votos no município.
Por Alberto de Avellar
Desde a eleição de Del do Cristo para a Prefeitura, a base política do grupo liderado por Dinha e Kátia começou a se desintegrar. Del não era o nome preferido da deputada, e o distanciamento entre eles é hoje visível e declarado.
O que era para ser uma transição política tranquila virou um campo minado. Aliados históricos agora se manifestam publicamente contra a reeleição da deputada. Um exemplo emblemático é o do vereador Carlos Neto, que cravou em plenário:
“A população está cansada das mesmas figuras e da velha política. É hora de renovação."
A “casquinha de bala” começa a trincar...
O desgaste do grupo político não se limita às divergências internas. Ele é intensificado por denúncias graves envolvendo diretamente a gestão do ex-prefeito Dinha — marido e principal articulador político de Kátia Oliveira.
As acusações vão de corrupção na saúde pública à suspeita de lavagem de dinheiro e envolvimento de familiares de integrantes da atual gestão. As denúncias foram formalizadas pelo vereador Genivaldo Ferreira Mota Lima, e se espalham por diferentes órgãos de controle e investigação:
1. Contrato da Saúde sob Suspeita
A empresa Fabamed, responsável pela gestão do Hospital Municipal, é acusada de descumprir cláusulas contratuais importantes, como a realização de 19 mil procedimentos médicos mensais.
Segundo Genivaldo, os relatórios de produção não foram entregues e uma visita técnica constatou possível subexecução. O Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-BA) admitiu a denúncia, mesmo exigindo ajustes na peça inicial. O processo segue em andamento.
2. Polícia Federal entra no caso;
A denúncia também foi levada à Polícia Federal, sob o protocolo 2025.04.08.090306.507, e classificada como potencial crime de desvio de recursos públicos e corrupção ativa/passiva.
O envolvimento de verbas federais acendeu o alerta vermelho e pode levar o caso a níveis mais profundos de investigação criminal e responsabilização.
3. Lavagem de Dinheiro e Enriquecimento Ilícito;
A 4ª Promotoria de Justiça de Simões Filho recebeu outra denúncia grave: a compra de um imóvel em nome da irmã da ouvidora municipal Darcileia Atanazio Augustinho, no valor de R$ 100 mil, com pagamento em espécie.
A acusação aponta que o imóvel foi adquirido antes da valorização promovida por obras da própria prefeitura, levantando suspeitas de tráfico de influência, corrupção e lavagem de dinheiro.
O nome de Dinha aparece novamente, suspeito de ter favorecido ou influenciado a transação.
Rejeição crescente dentro da Câmara e nas ruas...
Com a pressão das denúncias e o novo arranjo político, o prefeito Del tem evitado envolver Dinha em decisões estratégicas. Fontes revelam que fornecedores estão sendo chamados para conversas diretas com o atual gestor, sem a presença de antigos intermediadores.
Na Câmara, o isolamento político da deputada é cada vez mais evidente.
“Hoje, ninguém quer colar o nome com o dela. O grupo rachou, e os escândalos pesam”, confidenciou um vereador sob anonimato.
Conclusão: o fim de uma era?
A força eleitoral de Kátia Oliveira sempre esteve atrelada à estrutura política e à influência de Dinha. Com a reputação do ex-prefeito abalada por investigações e o rompimento com a nova gestão, a reeleição da deputada está sob risco real e iminente.
Em um cenário de mudanças e cobranças por mais transparência, o eleitor de Simões Filho parece cada vez mais disposto a virar a página.
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