A propaganda oficial trouxe a manchete em letras garrafais: “Inovação, Desenvolvimento e Oportunidades”. Mas a pergunta que não quer calar é: o que, de fato, o prefeito Del e sua comitiva foram buscar em Sorocaba com Rodrigo Manga? Projetos de transformação social ou um manual de como se defender de investigações da Polícia Federal?
Rodrigo Manga: O “outsider” investigado.
Manga chegou ao poder vendendo a imagem de político diferente, direto com o povo, usando lives inflamadas e o discurso de outsider contra as elites locais. Mas, na prática, sua gestão virou alvo da PF. A Operação Cópia e Cola investiga contratos milionários na saúde, relatórios duplicados da internet e suspeitas de lavagem de dinheiro.
Desde 2020, antes mesmo de assumir, já havia conversas de bastidores entre Manga e a Aceni — a entidade que depois recebeu mais de R$ 100 milhões em contratos com a Prefeitura.
O que Del foi aprender?
Se for inovação, a dúvida é: inovação em gestão pública ou inovação nos mecanismos de driblar a Justiça?
Se for desenvolvimento, talvez seja desenvolvimento de narrativas para manter a imagem pública mesmo sob suspeita.
E se for oportunidade, a oportunidade pode ser de replicar modelos de contratos suspeitos com a saúde — área já tão fragilizada em Simões Filho.
O que eles têm em comum?
Ambos se apresentam como líderes evangélicos, falam em valores de fé e proximidade com o povo. Porém, também compartilham o peso de acusações de má gestão e de vínculos políticos controversos. O risco desse intercâmbio é trazer para Simões Filho não os projetos que transformam a vida da população, mas o know-how de como governar à sombra de investigações.
Em resumo: a viagem poderia ser um momento de aprendizado sobre políticas públicas sérias. Mas, diante dos fatos, parece mais uma aula sobre como administrar escândalos — e não cidades.

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