Por Alberto de Avellar – Simões Filho, BA
A construção do novo terminal rodoviário de Simões Filho, prometida como um marco de modernização da mobilidade urbana na Região Metropolitana de Salvador, transformou-se em um escândalo financeiro e administrativo. Documentos obtidos pela nossa reportagem revelam que, até maio de 2025, a obra já consumiu mais de R$ 5,5 milhões, mas no canteiro o que se vê é apenas terraplanagem e nenhuma estrutura compatível com o dinheiro gasto.
O contrato milionário e o prazo vencido...
O Contrato nº 0172/2024, firmado entre a Prefeitura de Simões Filho e a Construtora Bahiana de Saneamento (CBS), prevê a construção e implantação do novo terminal pelo valor global de R$ 21.552.614,99, com aditivo que eleva o montante a R$ 23.755.283,09.
O prazo de execução era de 12 meses, com início em 15 de maio de 2024 e término em 14 de maio de 2025. Passado o período contratual, o terminal permanece inacabado.
Pagamentos milionários já realizados...
De acordo com os processos de pagamento enviados à nossa equipe, entre junho de 2024 e maio de 2025, foram desembolsados à CBS:
• R$ 726.364,82 (jun/24)
• R$ 426.773,68 (ago/24)
• R$ 639.644,44 (set/24)
• R$ 656.739,73 (out/24)
• R$ 654.011,51 (dez/24)
• R$ 1.113.668,63 (mar/25)
• R$ 268.190,63 (abr/25)
• R$ 217.427,42 (mai/25)
• R$ 122.971,66 (mai/25)
Total já pago: R$ 5.825.792,12.
Relatório oficial aponta execução pífia...
Um relatório de execução contratual da própria Secretaria de Infraestrutura revela que, até fevereiro de 2025, apenas 23,48% da obra foi executada, equivalente a R$ 5.577.736,22 .
Ou seja: quase um quarto do contrato foi pago, mas no local não há sinais de avanços estruturais condizentes com os milhões desembolsados.
O que se vê no canteiro...
Imagens aéreas recentes do local — disponíveis no Google e em redes sociais — mostram apenas terraplanagem, máquinas paradas e nenhum prédio erguido. Para um empreendimento com mais de R$ 5 milhões já aplicados, o cenário é de obra abandonada.
Indícios de irregularidades...
Os documentos apontam para possíveis crimes de improbidade administrativa, tais como:
• Pagamentos por serviços não executados;
• Superfaturamento em medições;
• Ausência de fiscalização efetiva da execução do contrato.
Além disso, o contrato venceu em maio de 2025, e não há informações públicas sobre prorrogação ou aditivo de prazo, configurando descumprimento contratual grave.
Quem responde?
A obra foi assinada inicialmente na gestão do ex-prefeito Diógenes Tolentino, mas os pagamentos mais recentes foram autorizados pelo atual prefeito Devaldo Soares, conforme comprovantes bancários e assinaturas digitais.
A responsabilidade recai sobre ambas as administrações, que devem explicações à população e aos órgãos de controle.
Próximos passos...
Nossa equipe encaminhará os documentos ao Ministério Público da Bahia (MP-BA) e ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-BA), solicitando apuração sobre possíveis desvios de verbas e superfaturamento.
Conclusão...
Com mais de R$ 5,8 milhões pagos e 23% da obra executada, a rodoviária de Simões Filho tornou-se símbolo do desperdício de recursos públicos e da falta de transparência. Enquanto isso, a população segue sem o terminal prometido e com a suspeita de que os milhões gastos não chegaram ao chão da obra.
Queremos ouvir você!
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1 Comentários
É fato de que essa obra, não ia sair do papel, porém dos cofres da prefeitura saiu e foi muito...
ResponderExcluirPor isso o desespero deles para não perder a eleição, e pode ter certeza que essa obra inacabada é apenas um filhote e vai aparecer muito mais!
Prefeito cadê a rodoviária ou seja o dinheiro das obras?