Por Alberto de Avellar - Publicado em 3 de julho de 2025
Como antecipado em edições anteriores das Crônicas do Bom Velhinho, a corrida pelos apoios políticos e votos para as eleições de 2026 começou, como já era esperado, durante a passagem do fogo simbólico da liberdade na Bahia, no último dia 1º de julho, em Simões Filho.
O evento contou com a presença marcante do prefeito Devaldo Soares, o Dell do Cristo Rei, anfitrião da cerimônia, que deixou no ar mais perguntas do que respostas com suas declarações:
“A eleição passou, a política passou. Eu não tenho paixão por nenhum político. Agora é hora de fazer gestão. Não tenho paixão por nenhum partido político; por mim, nem existiriam. A missão agora é cuidar de pessoas. Não tenho vaidade. Reconheço a importância de cada um, mas não tenho paixão por político nenhum.”
Com esse discurso, o prefeito tenta se colocar como alguém acima das disputas políticas, focado na gestão e no bem-estar da população. Mas a pergunta inevitável é: Dell vai se posicionar como nas eleições de 2026?
O cenário está claro e, ao mesmo tempo, nebuloso: de um lado, a deputada estadual Kátia Oliveira, que nas eleições passadas obteve cerca de 27 mil votos em Simões Filho e 53 mil em todo o estado, com uma campanha articulada por seu esposo, o ex-prefeito Diógenes Tolentino (Dinha) — figura cada vez mais polêmica, apelidado nos bastidores como “O Inominável Dinha, Adorador de Dinheiro e Poder”. O ex-prefeito responde a uma série de processos e denúncias, inclusive investigações da Polícia Federal por suspeita de desvio de verbas públicas e corrupção.
Do outro lado, está o deputado estadual Eduardo Alencar, que, mesmo sem fazer campanha ostensiva, conquistou 11 mil votos no município. Em 2024, Eduardo foi o principal líder político da cidade, com apoio integral do senador Otto Alencar, além dos governos estadual e federal. Em 2020, durante a chamada “Onda Amarela”, obteve mais de 28 mil votos. Atualmente, aguarda com tranquilidade o julgamento das Ações de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) que envolvem denúncias de abuso de poder econômico, político e fraudes em cotas de gênero. Se favoráveis, essas decisões podem desmoronar de vez o legado político de Dinha e, por tabela, afetar diretamente a imagem de Kátia Oliveira.
Mas há um terceiro nome que começa a surgir com força nos bastidores e que pode mudar totalmente o jogo: Fiinha, a primeira-dama de Simões Filho. Mulher negra, de origem humilde e com forte atuação social, Fiinha pode ser lançada como pré-candidata a deputada estadual em 2026. A repercussão popular tem sido extremamente positiva, e muitos analistas apontam que, caso sua candidatura se confirme, ela poderá tirar mais de 60% dos votos de Kátia Oliveira no município, favorecendo diretamente Eduardo Alencar, que poderia aumentar sua votação em até 300%.
A movimentação nos bastidores já começou. Dell seguirá neutro ou apoiará um nome de sua confiança? Vai buscar aliança com Eduardo Alencar em troca de investimentos e apoio para resolver os problemas financeiros herdados da gestão anterior?
A única certeza é que o xadrez político de Simões Filho está sendo armado, e as peças já começaram a se mover. O confronto final está se desenhando: Eduardo, Kátia ou Fiinha?
O tabuleiro está posto — e 2026 promete ser um ano de embates intensos.
0 Comentários