Quando deixou Minas Gerais no início
deste ano, Leo, de 23 anos, tinha um plano: tentar uma vida melhor nos
Estados Unidos, como muitos de seus conterrâneos. Mas na última
sexta-feira, 22, ele voltou ao Brasil em um voo no qual passou boa parte do
tempo algemado nos pés, mãos e cintura após sete meses de um pesadelo
americano, em que ficou o tempo todo detido em uma cadeia. “Nos colocaram em
prisões de alta segurança e nos devolveram ao nosso país algemados. Eu, que
sempre fui saudável, voltei tomando cinco antidepressivos e tive alopecia,
metade do meu cabelo caiu. Foram sete meses de agonia e terror”, explicou ele à
reportagem, assim que saiu no saguão do aeroporto Internacional de Belo
Horizonte, em Confins. Veio num voo fretado, junto com outros brasileiros
deportados após cruzarem a fronteira entre o México
e os Estados Unidos.
Voos como este se tornaram frequentes
na cidade desde que em outubro de 2019 a medida começou a ser implementada pelo
Governo Donald Trump. Eles chegam uma vez por semana. Em agosto deste ano, já
sob o governo democrata de Joe Biden, os EUA pediram a ampliação para dois voos,
e a expectativa de Washington é conseguir enviar ao país três aviões semanais
com deportados brasileiros. É o reflexo do aumento exponencial do número de
brasileiros deportados após cruzarem a fronteira mexicana. Dados obtidos pelo
EL PAÍS apontam que nos últimos 12 meses o número de brasileiros detidos nesta
situação já é mais do que o dobro do registrado nos três anos anteriores
somados.
Os números são da U.S.
Customs and Border Protection (CBP) ou Serviço de Alfândega e Proteção
das Fronteiras, em português, órgão dos EUA responsável pelo patrulhamento das
divisas e apreensão de imigrantes ilegais. No período que constitui o ano
fiscal americano, que vai de outubro de 2020 a setembro de 2021, 56.881
brasileiros foram detidos após cruzarem a pé a fronteira com
o México. No ano fiscal de 2020 haviam sido 7.161, por aparente
impacto da pandemia. Um ano antes, em 2019, foram 17.893, um salto
significativo em relação a 2018, quando foram registrados 1.504. São pessoas de
diversas idades e origens que buscam atravessar a extensa fronteira por mar,
pelo deserto ou se entregando na imigração norte-americana para pleitear um
pedido de asilo.
FONTE – EL PAÍS (ARGENTINA)
0 Comentários