CRONICA SEMANA DO JFB – 03.08.2025 - TOTALMENTE FILOSOFAL ....
Na
natureza, há encontros que definem destinos. Um lobo salta, feroz, em direção a
uma ave. Mas a ave tem asas, e o lobo, por mais alto que alcance, carrega
consigo o peso do chão. Entre o impulso e a queda, existe apenas um instante —
o instante da ilusão de poder.
Simões Filho vive esse instante. Uma cidade suspensa entre o voo e
o tombo. As obras que deveriam ser pontes para o futuro se tornaram espectros
de um presente mal administrado. A rodoviária, com milhões já pagos, permanece
imóvel, como um fantasma que ri dos cofres públicos e assombra o bolso do
contribuinte. Quem começou e quem continuou este projeto se confundem, como se
o tempo não tivesse passado e as mãos fossem as mesmas, apenas trocando de
rosto.
Enquanto isso, a Justiça sussurra com o peso das AIJEs,
investigando abusos de poder, fraudes e esquemas. Mas os protagonistas dessa
tragédia passeiam pelas redes sociais com sorrisos ensaiados, Bíblia sob o
braço e um silêncio que grita. Esquecem que a fé não é escudo para o “não
roubarás” e que a arrogância não os fará intocáveis.
A cidade, porém, observa. Observa as ruas que se desfazem sob os
pés, as máquinas e ambulâncias que somem como se tivessem virado fumaça, e o
descaso que insiste em se travestir de normalidade. Observa, sabendo que a
paciência do povo não é infinita, e que até a ave que foge do lobo carrega
dentro de si um instinto de retorno.
Porque, no fim, todo salto tem destino: o voo ou o abismo. E para
os lobos que se julgam donos da montanha, resta lembrar que até a pedra cede ao
tempo.
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